Quando os nossos ideais de sucesso não são mais os mesmos.

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Quando os nossos ideais de sucesso não são mais os mesmos.

Sílvia Bueno

Agente Transformadora - Lifelong learner apaixonada por aprendizagem e por pessoas, produtora de conteúdos e pesquisas no Projeto Conectese Academy

Houve um tempo na história da humanidade que ser bem sucedido era “sair de uma região no interior para estudar fora” — seja este fora se referindo a cidade alguma metrópole ou ainda algum país estrangeiro. Mais adiante, o estereótipo dos bem sucedidos passou a ser daqueles que “acumulam” alguma coisa desde uma casa cheia de móveis e objetos, até bens como carros, terras, empresas … E para o século XXI qual será o ideal de sucesso?

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE e pela LCA Consultores
divulgou que mais de 600 mil brasileiros se auto demitiram de seus empregos, a
causa estaria entre a busca por recolocação profissional com melhores
oportunidades de trabalho sintonizadas com a área de formação desses
profissionais. O LinkedIn também divulgou uma pesquisa em que jovens entre 18 e
24 anos estão abrindo mão de seus empregos para atuarem com profissões que
oferecem mais flexibilidade e autonomia. Uma característica bastante presente
entre as gerações Millennials e Gen Z.

Se antes o diploma e as titulações eram razões para uma vida bem sucedida, hoje eles são apenas algumas das opções apresentadas para seguir uma carreira profissional. Mas não um determinante para os Novos Ricos. Assim definidos no livro homônimo de Peter Balkhi que apresenta novos comportamentos como parâmetros de riqueza e de sucesso.

Como já estamos acostumados a ver por aí práticas minimalistas, casas com design mais clean, tons harmoniosos — sem excessos. Proprietários que alugam cômodos disponíveis para receber viajantes sem se preocupar em “conhecer pessoas estranhas”. O que era comum sair de narrativas de nossos pais : Não converse com estranhos” se transformou em uma excelente oportunidade de conexão e expansão de repertório. Hoje está cada vez mais comum conversarmos com estranhos, seja na comunidade on-line, no banco do carro de um aplicativo de carona, ou mesmo em um aplicativo de relacionamento.

Outra crença do estereótipo dos bem-sucedidos era sobre as relações, comum de escutarmos de parentes como nossos bisavós a máxima “fulana casou bem” — assim mesmo no feminino da palavra atribuindo os méritos de um “bom
casamento” ao homem de posses.

Uma crueldade ainda embutida nas nossas narrativas. Dificilmente alguém nos
pergunta o que, realmente, esperamos de uma relação. Quais são as nossas
intenções no mundo e para o mundo. São narrativas vindas de um contexto fechado e excludente — e quem ousa sair fora dele, assusta ou causa estranhamento.

A lógica do status quo — em que a “linearidade” era a única forma de ser bem
sucedido — está recebendo novos e ambiciosos olhares. Embora, esse rompimento de padrão seja muito libertador — para assumi-lo é preciso um longo trabalho de autoconhecimento para tomada de consciência. E muita coragem para enfrentar os julgamentos e vieses vindo de outras culturas e outras épocas.

O significado de sucesso vem assumindo outras possibilidades. Na era da
consciência deixou de estar vinculado ao verbo “Ter” para integrar-se ao
“Ser” no sentido de nossas ações e intenções. Passamos a compreender os
fenômenos de causa e efeito e criamos novos hábitos de consumo, de
aprendizagem, de trabalho e nas relações. A vida se tornou mais ampla e mais
aberta, impossível “segurá-la em um frasco” para usufruir depois da
aposentadoria.

Se antes,” trabalhar muito” era uma crença para se encaixar entre os bem
sucedidos, hoje esse padrão está deixando a desejar. Pesquisas da OMS revelam
que o excesso de trabalho está deixando as pessoas doentes, física, emocional e

mentalmente. Na incerteza de “chegar a tal aposentadoria”, muitos se deram conta das oportunidades do Novo Mundo e se encorajaram a construir uma vida mediante aos seus princípios e valores. Mais acesso, menos coisas, mais experiências. Sem controle, sem comando, mais conexão, mais tesão, mais vida na vida.

Uma utopia vivenciada pelos críticos e corajosos do novo século. Será?

Autora co.laboradora 
Sílvia Bueno

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